Fui acordado de manhã cedo pelo alarme do telemóvel, três toques seguidos. O BTC quebrou os 86000.

Mas o que realmente me fez começar a suar frio não foi aquela vela vermelha assustadora, mas sim um número num canto das notícias financeiras — 76%. A probabilidade de o Banco do Japão aumentar as taxas de juro em dezembro já chegou a este patamar.

Isto não é uma simples afinação das taxas de juro. É uma bomba financeira pronta a explodir a qualquer momento, envolvendo um bolo de 14 biliões de dólares a nível global.

Primeiro, vejamos de onde vem esse dinheiro. As taxas de juro no Japão têm estado próximas de zero há muito tempo, então as instituições arranjaram uma solução engenhosa: pedir ienes emprestados, praticamente sem pagar juros; trocar por dólares e investir nos mercados de ações dos EUA, em criptomoedas e noutros ativos de alto retorno. Ganham com o diferencial — fácil e lucrativo.

Foi assim que estes 14 biliões inundaram os mercados globais, inflacionando os preços de vários ativos. O BTC é um dos beneficiários.

E agora vem o problema — o Japão vai aumentar as taxas. Com o custo do empréstimo a disparar, as instituições terão de vender ativos para trocar por ienes e pagar as dívidas. A liquidez aperta de repente, e os preços dos ativos não aguentam. Da última vez que o Japão mudou de política, o BTC caiu mais de 20% num mês. Desta vez, o mercado aposta numa probabilidade de subida das taxas ainda maior.

Ainda mais preocupante, não é só o Japão a apertar.

A leste, o Japão prepara-se para fechar a torneira; a oeste, apesar de ainda haver expectativas de cortes de juros pela Fed, o ritmo é tão lento como pasta de dentes a sair do tubo. Com pressão dos dois lados, a liquidez global está a ser duplamente estrangulada.

Após ouvir o alarme, tomei uma decisão que todos os meus amigos acharam louca. Mas quando vês claramente o jogo em cima da mesa, certos movimentos tornam-se óbvios.