O presidente da SEC, Paul Atkins, anunciou na semana passada que a tokenização poderá tornar-se uma característica central do mercado norte-americano “dentro de alguns anos”, marcando a maior transformação na infraestrutura do mercado de ações dos EUA em décadas. O valor total do mercado de ações dos EUA ronda os 68 biliões de dólares, mas atualmente apenas 670 milhões de dólares estão tokenizados em cadeia, representando menos de 0,001%.
A reviravolta das políticas da SEC e a corrida global
As declarações de Atkins contrastam fortemente com a posição anterior da SEC, evidenciando que o processo de modernização da infraestrutura do mercado americano está a avançar mais rápido do que o previsto. Esta mudança resulta, em parte, da pressão competitiva internacional — Singapura e Hong Kong já lançaram programas de obrigações tokenizadas, estruturas de fundos digitais e sistemas de liquidação em blockchain emitidos por bancos, avançando muito além dos EUA. A SEC reconheceu que a falta de regras claras pode empurrar a tokenização para o estrangeiro, especialmente quando produtos sintéticos ou estruturados continuam numa zona de incerteza legal.
Atkins acredita que a tokenização pode aumentar a previsibilidade e reduzir o risco ao diminuir ou eliminar o desfasamento entre execução, pagamento e liquidação final das transações. A possibilidade de liquidação intra-diária ou em tempo real é um dos principais motivos pelos quais os reguladores estão a reavaliar como os ativos digitais podem ser integrados nas regras existentes. Após a falência da FTX em 2022, a LedgerX continuou a operar sob supervisão da CFTC, provando que o sistema regulatório americano pode proteger eficazmente os ativos dos clientes quando aplicado a sistemas digitais nativos. Assim, os responsáveis pela regulação financeira veem uma oportunidade para canalizar a liquidação tokenizada para ambientes regulados.
A SEC está a desenvolver um “sistema de classificação de tokens”, baseado no teste Howey, com o objetivo de explicar como as redes evoluem, distribuem controlo e, finalmente, operam sem um emissor identificável. Este sistema procura definir quais ativos digitais se enquadram no âmbito da SEC. A comissária Hester Peirce descreveu esta nova abordagem como “rápida, prudente, criativa e exequível”.
O confronto decisivo entre finanças tradicionais e descentralizadas
(Fonte: FliptheNasdaq)
Na reunião do Comité Consultivo de Investidores da SEC, as tensões do setor foram evidentes. A Citadel Securities apelou à SEC para garantir que todos os intermediários envolvidos na negociação de valores mobiliários tokenizados (incluindo protocolos descentralizados) sejam identificados e sujeitos às definições existentes de bolsas e corretores. A maior bolsa de criptomoedas regulada dos EUA, por outro lado, argumenta que a imposição de obrigações ao nível de corretores a sistemas descentralizados é operacionalmente incompatível e pode introduzir novos riscos ao forçar a aquisição de controlo sobre protocolos.
Estas divergências refletem diferentes visões sobre como deve ser estruturada a infraestrutura do mercado tokenizado. Um modelo aproxima-se do sistema tradicional de intermediários; outro depende de protocolos programáveis e não custodiais. A comissária Caroline Crenshaw salientou que algumas ações tokenizadas vendidas sob a forma de “valores mobiliários embrulhados” podem não refletir os mesmos direitos económicos, condições de liquidez ou proteções do instrumento subjacente, podendo ser necessárias novas regras.
A pressão aumenta com o pedido de alteração regulatória pendente da Nasdaq. A bolsa propõe manter a negociação na frente inalterada, permitindo ao mesmo tempo a tokenização no nível pós-negociação via DTCC. A SEC terá de responder este mês, e essa decisão poderá afetar a forma como outros participantes do mercado desenham as suas estratégias de tokenização.
Constrangimentos tecnológicos e o risco de colapso da infraestrutura tradicional
O grande obstáculo à tokenização generalizada é a escala da atividade no mercado de ações dos EUA. O Nasdaq processa cerca de 2.920 transações por segundo, com um volume diário de 463 mil milhões de dólares. Embora as blockchains públicas possam melhorar os processos pós-negociação, a sua performance e fiabilidade ainda não são equivalentes. Integrar uma parte significativa dos valores mobiliários americanos numa infraestrutura blockchain exigiria grandes atualizações nas centrais de compensação, custodiantes, corretores e redes de ativos digitais.
Segundo dados da RWA.xyz, o valor total dos ativos do mundo real em cadeia aumentou para cerca de 35,8 mil milhões de dólares, aproximadamente o dobro do nível no final de 2024. Embora ainda pequeno face ao sistema financeiro global, este crescimento reflete uma crescente confiança na representação de ativos tradicionais em cadeia. Se a SEC vier a definir critérios de classificação e resolver o conflito entre TradFi e DeFi, o atual valor tokenizado de 670 milhões de dólares poderá expandir-se significativamente nos próximos anos. Contudo, se as regras permanecerem indefinidas, o capital poderá continuar a fluir para jurisdições com quadros regulamentares mais maduros.
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Presidente da SEC avisa: contagem decrescente para tokenização de 68 biliões em ações dos EUA, infraestruturas tradicionais podem colapsar
O presidente da SEC, Paul Atkins, anunciou na semana passada que a tokenização poderá tornar-se uma característica central do mercado norte-americano “dentro de alguns anos”, marcando a maior transformação na infraestrutura do mercado de ações dos EUA em décadas. O valor total do mercado de ações dos EUA ronda os 68 biliões de dólares, mas atualmente apenas 670 milhões de dólares estão tokenizados em cadeia, representando menos de 0,001%.
A reviravolta das políticas da SEC e a corrida global
As declarações de Atkins contrastam fortemente com a posição anterior da SEC, evidenciando que o processo de modernização da infraestrutura do mercado americano está a avançar mais rápido do que o previsto. Esta mudança resulta, em parte, da pressão competitiva internacional — Singapura e Hong Kong já lançaram programas de obrigações tokenizadas, estruturas de fundos digitais e sistemas de liquidação em blockchain emitidos por bancos, avançando muito além dos EUA. A SEC reconheceu que a falta de regras claras pode empurrar a tokenização para o estrangeiro, especialmente quando produtos sintéticos ou estruturados continuam numa zona de incerteza legal.
Atkins acredita que a tokenização pode aumentar a previsibilidade e reduzir o risco ao diminuir ou eliminar o desfasamento entre execução, pagamento e liquidação final das transações. A possibilidade de liquidação intra-diária ou em tempo real é um dos principais motivos pelos quais os reguladores estão a reavaliar como os ativos digitais podem ser integrados nas regras existentes. Após a falência da FTX em 2022, a LedgerX continuou a operar sob supervisão da CFTC, provando que o sistema regulatório americano pode proteger eficazmente os ativos dos clientes quando aplicado a sistemas digitais nativos. Assim, os responsáveis pela regulação financeira veem uma oportunidade para canalizar a liquidação tokenizada para ambientes regulados.
A SEC está a desenvolver um “sistema de classificação de tokens”, baseado no teste Howey, com o objetivo de explicar como as redes evoluem, distribuem controlo e, finalmente, operam sem um emissor identificável. Este sistema procura definir quais ativos digitais se enquadram no âmbito da SEC. A comissária Hester Peirce descreveu esta nova abordagem como “rápida, prudente, criativa e exequível”.
O confronto decisivo entre finanças tradicionais e descentralizadas
(Fonte: FliptheNasdaq)
Na reunião do Comité Consultivo de Investidores da SEC, as tensões do setor foram evidentes. A Citadel Securities apelou à SEC para garantir que todos os intermediários envolvidos na negociação de valores mobiliários tokenizados (incluindo protocolos descentralizados) sejam identificados e sujeitos às definições existentes de bolsas e corretores. A maior bolsa de criptomoedas regulada dos EUA, por outro lado, argumenta que a imposição de obrigações ao nível de corretores a sistemas descentralizados é operacionalmente incompatível e pode introduzir novos riscos ao forçar a aquisição de controlo sobre protocolos.
Estas divergências refletem diferentes visões sobre como deve ser estruturada a infraestrutura do mercado tokenizado. Um modelo aproxima-se do sistema tradicional de intermediários; outro depende de protocolos programáveis e não custodiais. A comissária Caroline Crenshaw salientou que algumas ações tokenizadas vendidas sob a forma de “valores mobiliários embrulhados” podem não refletir os mesmos direitos económicos, condições de liquidez ou proteções do instrumento subjacente, podendo ser necessárias novas regras.
A pressão aumenta com o pedido de alteração regulatória pendente da Nasdaq. A bolsa propõe manter a negociação na frente inalterada, permitindo ao mesmo tempo a tokenização no nível pós-negociação via DTCC. A SEC terá de responder este mês, e essa decisão poderá afetar a forma como outros participantes do mercado desenham as suas estratégias de tokenização.
Constrangimentos tecnológicos e o risco de colapso da infraestrutura tradicional
O grande obstáculo à tokenização generalizada é a escala da atividade no mercado de ações dos EUA. O Nasdaq processa cerca de 2.920 transações por segundo, com um volume diário de 463 mil milhões de dólares. Embora as blockchains públicas possam melhorar os processos pós-negociação, a sua performance e fiabilidade ainda não são equivalentes. Integrar uma parte significativa dos valores mobiliários americanos numa infraestrutura blockchain exigiria grandes atualizações nas centrais de compensação, custodiantes, corretores e redes de ativos digitais.
Segundo dados da RWA.xyz, o valor total dos ativos do mundo real em cadeia aumentou para cerca de 35,8 mil milhões de dólares, aproximadamente o dobro do nível no final de 2024. Embora ainda pequeno face ao sistema financeiro global, este crescimento reflete uma crescente confiança na representação de ativos tradicionais em cadeia. Se a SEC vier a definir critérios de classificação e resolver o conflito entre TradFi e DeFi, o atual valor tokenizado de 670 milhões de dólares poderá expandir-se significativamente nos próximos anos. Contudo, se as regras permanecerem indefinidas, o capital poderá continuar a fluir para jurisdições com quadros regulamentares mais maduros.