O aumento das taxas de juro pelo Banco do Japão nos dias 18-19 de dezembro não tem nada a ver com essas teorias da conspiração sobre uma “guerra secreta EUA-Japão” — isto era, na verdade, algo já previsto, com uma probabilidade de 90% de ser uma operação de normalização da política monetária que já estava mais do que decidida.
Porquê esta afirmação? Dois grandes motivos estão à vista: a inflação interna já não consegue ser contida (o IPC de Tóquio disparou diretamente para 2,0%), e a nível internacional o iene tem vindo a enfraquecer continuamente, enquanto os rendimentos das obrigações do Tesouro dos EUA sobem rapidamente. Com esta pressão interna e externa, o banco central não tinha outra alternativa. Em vez de se falar numa “guerra secreta” contra alguém, faz mais sentido ver isto como uma coordenação de políticas entre EUA e Japão — para evitar que o capital global circule de forma desordenada e cause uma crise de liquidez. Neste momento, o iene está a rondar os 153 face ao dólar, podendo, após o aumento das taxas, recuperar para cerca de 140. No curto prazo, isto exerce pressão sobre o mercado cripto, mas esta expectativa já está praticamente absorvida pelo mercado.
**Primeiro, o contexto interno: este aumento das taxas foi uma “aterragem suave” preparada com antecedência**
O movimento do Banco do Japão não foi um ataque surpresa. Anos de política ultraexpansionista tinham de chegar ao fim, e os dados são claros:
O IPC core de Tóquio está acima dos 2% há vários meses consecutivos, a inflação dos serviços já chegou aos 3,0%, e os custos de importação de energia e alimentos continuam elevados. O banco central só pôde ir subindo gradualmente a taxa de -0,1% para os atuais 0,75%. A defesa do iene tem sido difícil — só em 2024 foram gastos mais de 9 biliões de ienes em intervenções no mercado, estando as reservas cambiais quase esgotadas. Se não aumentassem as taxas para estabilizar o câmbio, o que mais poderiam fazer? Do ponto de vista político, não há resistência: tanto o governo de Kishida como o de Ishiba apoiam a normalização monetária, e no Banco do Japão as vozes mais “hawkish”, lideradas por Kazuo Ueda, ganham cada vez mais força.
Isto não é nenhuma “guerra secreta” — os números obrigaram a esta decisão: os rendimentos das obrigações do Estado japonês já ultrapassaram 1,95%, o valor mais alto em 18 anos, e o banco central tem de manter a curva de rendimentos sob controlo.
**Agora, o contexto internacional: a coordenação EUA-Japão é a verdadeira razão, a liquidez global está a ser reequilibrada**
À primeira vista, parece que o Japão foi “forçado a preparar-se”, mas na realidade isto é resultado de uma sincronização de políticas transatlântica:
A pressão sobre a dívida americana é enorme. Apesar das expectativas de descida das taxas por parte da Fed, os rendimentos das obrigações do Tesouro a 10 anos dos EUA estão perto dos 4,0%. O Japão, como maior detentor de dívida americana (com 1,1 biliões de dólares), tem de acompanhar com subidas de juros; caso contrário, os fluxos de arbitragem fariam o capital fugir descontroladamente. No âmbito do G7, a normalização da política japonesa já foi tacitamente aprovada — na cimeira de 2024, foi alcançado um consenso para evitar uma desvalorização sem fim do iene (para prevenir dumping nas exportações), ao mesmo tempo que se reforça a aliança EUA-Japão nos setores dos semicondutores e da segurança. Indiretamente, isto também coloca alguma pressão sobre o renminbi, mas não se trata de uma “guerra secreta” dirigida — é antes um “reequilíbrio” das políticas monetárias globais: o BCE já baixou as taxas, e o Japão não podia continuar isolado.
Alguns relatórios de análise dizem que o Banco do Japão foi “forçado” a responder a Wall Street (90% dos bancos de investimento como a Goldman Sachs e a Morgan Stanley previam isto), mas, na verdade, foi uma decisão voluntária — em 2026, a taxa de imposto sobre criptoativos vai ser ajustada para 20%, e o aumento das taxas serve também para travar o regresso de capitais especulativos.
A chamada teoria extrema da “guerra secreta” (como uma aliança EUA-Japão para pressionar os mercados emergentes) não tem qualquer fundamento. No fundo, trata-se de uma sincronização macroeconómica: descida das taxas pela Fed em dezembro + subida das taxas pelo Banco do Japão, criando um cenário de “EUA expansionista, Japão restritivo”, que ajuda a amortecer o impacto da hegemonia do dólar e a estabilizar os respetivos sistemas financeiros.
O mercado cripto pode ter alguma volatilidade a curto prazo, mas as regras deste jogo já estavam definidas há muito.
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BTCBeliefStation
· 18h atrás
Quando é que podemos comer muita carne no mercado em alta
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ser_ngmi
· 12-10 02:06
Aumentar as taxas de juro contra a tendência até que não está mal.
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BrokeBeans
· 12-09 09:55
O aumento das taxas de juro também foi forçado.
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PuzzledScholar
· 12-09 09:55
O capital de arbitragem já entrou no mercado
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SelfSovereignSteve
· 12-09 09:52
Ninguém consegue apanhar a jogada bidirecional entre os EUA e o Japão.
O aumento das taxas de juro pelo Banco do Japão nos dias 18-19 de dezembro não tem nada a ver com essas teorias da conspiração sobre uma “guerra secreta EUA-Japão” — isto era, na verdade, algo já previsto, com uma probabilidade de 90% de ser uma operação de normalização da política monetária que já estava mais do que decidida.
Porquê esta afirmação? Dois grandes motivos estão à vista: a inflação interna já não consegue ser contida (o IPC de Tóquio disparou diretamente para 2,0%), e a nível internacional o iene tem vindo a enfraquecer continuamente, enquanto os rendimentos das obrigações do Tesouro dos EUA sobem rapidamente. Com esta pressão interna e externa, o banco central não tinha outra alternativa. Em vez de se falar numa “guerra secreta” contra alguém, faz mais sentido ver isto como uma coordenação de políticas entre EUA e Japão — para evitar que o capital global circule de forma desordenada e cause uma crise de liquidez. Neste momento, o iene está a rondar os 153 face ao dólar, podendo, após o aumento das taxas, recuperar para cerca de 140. No curto prazo, isto exerce pressão sobre o mercado cripto, mas esta expectativa já está praticamente absorvida pelo mercado.
**Primeiro, o contexto interno: este aumento das taxas foi uma “aterragem suave” preparada com antecedência**
O movimento do Banco do Japão não foi um ataque surpresa. Anos de política ultraexpansionista tinham de chegar ao fim, e os dados são claros:
O IPC core de Tóquio está acima dos 2% há vários meses consecutivos, a inflação dos serviços já chegou aos 3,0%, e os custos de importação de energia e alimentos continuam elevados. O banco central só pôde ir subindo gradualmente a taxa de -0,1% para os atuais 0,75%. A defesa do iene tem sido difícil — só em 2024 foram gastos mais de 9 biliões de ienes em intervenções no mercado, estando as reservas cambiais quase esgotadas. Se não aumentassem as taxas para estabilizar o câmbio, o que mais poderiam fazer? Do ponto de vista político, não há resistência: tanto o governo de Kishida como o de Ishiba apoiam a normalização monetária, e no Banco do Japão as vozes mais “hawkish”, lideradas por Kazuo Ueda, ganham cada vez mais força.
Isto não é nenhuma “guerra secreta” — os números obrigaram a esta decisão: os rendimentos das obrigações do Estado japonês já ultrapassaram 1,95%, o valor mais alto em 18 anos, e o banco central tem de manter a curva de rendimentos sob controlo.
**Agora, o contexto internacional: a coordenação EUA-Japão é a verdadeira razão, a liquidez global está a ser reequilibrada**
À primeira vista, parece que o Japão foi “forçado a preparar-se”, mas na realidade isto é resultado de uma sincronização de políticas transatlântica:
A pressão sobre a dívida americana é enorme. Apesar das expectativas de descida das taxas por parte da Fed, os rendimentos das obrigações do Tesouro a 10 anos dos EUA estão perto dos 4,0%. O Japão, como maior detentor de dívida americana (com 1,1 biliões de dólares), tem de acompanhar com subidas de juros; caso contrário, os fluxos de arbitragem fariam o capital fugir descontroladamente. No âmbito do G7, a normalização da política japonesa já foi tacitamente aprovada — na cimeira de 2024, foi alcançado um consenso para evitar uma desvalorização sem fim do iene (para prevenir dumping nas exportações), ao mesmo tempo que se reforça a aliança EUA-Japão nos setores dos semicondutores e da segurança. Indiretamente, isto também coloca alguma pressão sobre o renminbi, mas não se trata de uma “guerra secreta” dirigida — é antes um “reequilíbrio” das políticas monetárias globais: o BCE já baixou as taxas, e o Japão não podia continuar isolado.
Alguns relatórios de análise dizem que o Banco do Japão foi “forçado” a responder a Wall Street (90% dos bancos de investimento como a Goldman Sachs e a Morgan Stanley previam isto), mas, na verdade, foi uma decisão voluntária — em 2026, a taxa de imposto sobre criptoativos vai ser ajustada para 20%, e o aumento das taxas serve também para travar o regresso de capitais especulativos.
A chamada teoria extrema da “guerra secreta” (como uma aliança EUA-Japão para pressionar os mercados emergentes) não tem qualquer fundamento. No fundo, trata-se de uma sincronização macroeconómica: descida das taxas pela Fed em dezembro + subida das taxas pelo Banco do Japão, criando um cenário de “EUA expansionista, Japão restritivo”, que ajuda a amortecer o impacto da hegemonia do dólar e a estabilizar os respetivos sistemas financeiros.
O mercado cripto pode ter alguma volatilidade a curto prazo, mas as regras deste jogo já estavam definidas há muito.