Recentemente, outro amigo voltou a perguntar sobre o USDD, e as mesmas perguntas surgem sempre — descentralização, âncora 1:1, estabilidade algorítmica. Honestamente, esses argumentos de marketing já não têm muita força agora. Na minha opinião, o mais importante é entender por que ele foi projetado assim e em que contextos ele pode ser realmente utilizado.

Começando pela sua proposta de valor. O USDD não seguiu a rota de stablecoins algorítmicas agressivas, mas optou por uma arquitetura relativamente conservadora de descentralização com supercolateralização. À primeira vista, pode parecer menos glamoroso, mas basta pensar um pouco para entender — ao abrir mão de custódia centralizada, conseguir alcançar estabilidade e transparência de forma verificável não é tarefa fácil.

Isso é completamente diferente da abordagem de stablecoins mais radicais de anos atrás. Esses projetos buscavam maximizar a eficiência de capital ao extremo, mas também levavam o risco ao limite. O USDD claramente segue uma linha de pensamento diferente.

Sobre a supercolateralização, muitas pessoas interpretam de forma errada. Não se trata apenas de "colocar mais ativos como garantia", é algo mais profundo, uma reserva de segurança para cenários extremos de mercado. Você pode imaginar isso como uma almofada de proteção na cadeia — quando os preços oscilam drasticamente, o sistema tem espaço para se ajustar, evitando uma falha catastrófica. Qual é o custo? Certamente há uma perda de eficiência de capital. Mas, em troca, ganha-se uma previsibilidade maior, algo que no mundo DeFi é bastante escasso.

Vamos também analisar seu uso. O USDD não existe para existir sozinho; sua função é servir o ecossistema DeFi como um todo — mineração de liquidez, protocolos de empréstimo, liquidação entre protocolos. Esses cenários demandam uma stablecoin com alta transparência, regras claras e que seja difícil de falhar. Sob essa perspectiva, o USDD funciona mais como uma infraestrutura do que como um ativo de especulação.

O que eu particularmente aprecio é que ele não tentou "revolucionar" o conceito de stablecoin, mas sim seguir uma trajetória onde descentralização, auditabilidade e composabilidade estão acima da média. Pode parecer algo comum, mas o que é comum costuma ser mais duradouro.

O diferencial do USDD não está em ser extremamente empolgante, mas em ser realmente útil. Talvez seu crescimento não seja o mais rápido, mas, no cenário atual, onde a gestão de risco e a conformidade regulatória estão cada vez mais em foco, esse tipo de stablecoin mais básico e estável tende a durar mais.

Quanto a ser a solução ótima, só o mercado pode dizer. Mas, como um ativo de utilidade dentro do DeFi, o USDD é, pelo menos, uma escolha lógica, bem fundamentada e com uma direção clara.