
Blockchain as a Service (BaaS) é um modelo de serviço em nuvem que facilita a empresas e programadores a criação, alojamento e utilização de aplicações blockchain na infraestrutura de um fornecedor de serviços cloud. Este modelo elimina a complexidade e os custos elevados associados à construção de redes blockchain de raiz, permitindo às organizações focar-se na lógica de negócio e no desenvolvimento de aplicações, em vez de manter a arquitetura técnica subjacente. Os fornecedores BaaS normalmente asseguram a implementação, manutenção, alocação de recursos e gestão de segurança das redes blockchain, oferecendo soluções blockchain em regime de pagamento por utilização.
O conceito de Blockchain as a Service (BaaS) resulta da evolução dos modelos de serviço de computação em nuvem. À medida que a tecnologia blockchain despertou interesse para aplicações empresariais, em meados dos anos 2010, muitas organizações enfrentaram barreiras técnicas e restrições de recursos na implementação de soluções blockchain.
Em 2015, a Microsoft foi pioneira ao lançar um produto Blockchain as a Service na plataforma Azure, seguindo-se empresas tecnológicas como IBM, Amazon e Alibaba Cloud. Estas plataformas BaaS iniciais suportavam sobretudo estruturas blockchain como Ethereum e Hyperledger, oferecendo às empresas uma entrada de baixo risco para explorar a tecnologia blockchain.
O aparecimento do BaaS marcou um avanço decisivo na passagem da tecnologia blockchain do estágio experimental para aplicações empresariais maduras, reduzindo obstáculos à adoção e acelerando a inovação e exploração de aplicações blockchain em diversos setores.
O funcionamento do Blockchain as a Service (BaaS) assenta em vários componentes principais:
Camada de Infraestrutura: Os fornecedores BaaS implementam e mantêm uma infraestrutura cloud robusta, com servidores, armazenamento, redes e sistemas de segurança para suportar o funcionamento das redes blockchain.
Camada de Rede Blockchain: Sobre esta infraestrutura, os fornecedores configuram e gerem protocolos e redes blockchain, como Ethereum, Hyperledger ou sistemas proprietários.
Camada de Interface de Serviço: As plataformas BaaS disponibilizam APIs, kits de desenvolvimento de software (SDKs) e ferramentas de desenvolvimento que permitem aos clientes interagir com a rede blockchain através de interfaces simples, executar transações, implementar contratos inteligentes ou aceder a dados da blockchain.
Gestão e Monitorização: As plataformas geralmente incluem funcionalidades para monitorização da rede, otimização do desempenho, gestão de nós de rede e auditorias à segurança, garantindo a estabilidade e segurança dos serviços blockchain.
Integração com Ecossistemas: Plataformas BaaS avançadas oferecem integração com sistemas empresariais existentes, sistemas de autenticação de identidade e outros serviços cloud.
Os clientes usufruem destes serviços por subscrição ou pagamento por utilização, sem necessidade de dominar os detalhes técnicos subjacentes ou manter infraestrutura blockchain própria.
Apesar da conveniência que o Blockchain as a Service (BaaS) aporta às empresas, persistem riscos e desafios relevantes:
Risco de Centralização: Dependência de um único fornecedor para gerir serviços blockchain contraria, até certo ponto, o princípio da descentralização, podendo criar pontos únicos de falha ou centralização excessiva.
Dependência do Fornecedor: A interoperabilidade limitada entre diferentes plataformas BaaS implica que, ao recorrer a funcionalidades proprietárias de um fornecedor, o custo e a dificuldade de migração para outra plataforma podem ser elevados.
Questões de Conformidade e Soberania de Dados: Em operações internacionais, a localização do armazenamento de dados e os métodos de processamento podem estar sujeitos a exigências regulatórias de diferentes jurisdições, aumentando a complexidade de conformidade.
Desafios de Segurança: Embora o blockchain proporcione proteção criptográfica, o controlo de acessos, segurança das APIs e gestão de identidades nas plataformas BaaS podem apresentar vulnerabilidades.
Desempenho e Escalabilidade: Redes blockchain em ambientes cloud públicos podem enfrentar limitações de desempenho, sobretudo em cenários de elevado volume de transações e cálculos complexos.
Gestão de Custos: À medida que a utilização aumenta, o modelo de pagamento por utilização do BaaS pode gerar custos imprevisíveis e difíceis de controlar.
As empresas que adotam BaaS devem avaliar estes riscos de forma abrangente e definir estratégias adequadas de mitigação.
Blockchain as a Service (BaaS) constitui uma ponte essencial para a adoção comercial generalizada da tecnologia blockchain. Ao baixar as barreiras técnicas e o investimento inicial, permite que mais organizações explorem e potenciem o valor desta tecnologia. Com o amadurecimento do setor e o desenvolvimento de standards, o BaaS continuará a evoluir, podendo originar soluções mais especializadas e adequadas a setores específicos. Para as empresas, o BaaS oferece um percurso gradual para a adoção do blockchain, permitindo validar casos de uso e acumular experiência de implementação sem assumir todos os riscos técnicos. Contudo, as organizações devem ponderar a conveniência do BaaS face às implicações de dependência da plataforma a longo prazo, garantindo a escolha de soluções alinhadas com os seus objetivos empresariais e estratégias técnicas.
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